ler, comentar e refletir

 

                                                              A REPÚBLICA

Liberdade, fraternidade, igualdade jurídica de todos os cidadãos, solidariedade das diferentes classes sociais, eleições livres, adopção de uma constituição votada pelos representantes do povo, subordinação do poder executivo ao poder legislativo exercido  são os instrumentos básicos republicanos, na continuidade do liberalismo de 1820, enquanto a monarquia tentava cercear as liberdades e foi incapaz de fazer evoluir a Carta Constitucional para um regime democrático. Por isso o liberalismo ganhou força com o republicanismo, que  ao democratismo politico e ao municipalismo administrativo acrescentou uma ideologia nacionalista e colonialista, retratada no hino – A Portuguesa, mas ao passar do teórico para o prático desenvolveu-se pela negativa, sob a influencia da Maçonaria e do positivismo, e contra os jesuítas e igrejas.

                                                                 1ª REPÚBLICA

Os conspiradores, oficiais militares, planearam ataques ao palácio Real das Necessidades, ao Quartel General e ao Quartel do Carmo do Comando da Guarda Municipal, apoiados por grupos de oficiais e sargentos, agrupamentos civis, e por navios de guerra ancorados no Tejo, a serem realizados na madrugada do dia 4 de Outubro de 1910. Mas apenas conseguiram o apoio de 3 quartéis, os outros quartéis ficaram fieis às ordens dos oficiais monárquicos. O assalto ao palácio real foi detido  e os revoltosos dispersaram-se face ao insucesso da rebelião. No entanto, alguns sargentos e uma centenas de soldados e civis armados continuaram em armas, sob as ordens do Machado dos Santos, membro da Alta Venda da Carbonária, a quem obedeciam os civis e os soldados ajuramentados na associações secretas que desertando-se das suas unidades, juntaram-se aos revoltosos. Estes grupos dominaram os bairros populares e colocaram-se nas imediações dos quartéis fiéis ao governo atacando-os com o arremesso das bombas e durante a tarde 2 navios de guerra bombardearam o palácio real, obrigando o rei refugiar-se em Mafra e toda a armada foi dominada pelos republicanos e ao amanhecer do dia de 5 de Outubro de  1910 os revolucionários civis já se encontravam disseminados pela cidade e as tropas ficaram restritas aos seus quartéis e a multidão aclamou a república na Avenida da Liberdade e varias residências e Serviços do Estado içaram nas janelas a bandeira da república. As 11 horas de manhã do dia 5 de Outubro de 1910 foi proclamada a Republica. O Rei com as rainhas D. Maria Pia e D. Amélia, usando o iate real dirigiu-se ao Porto, mas tomou o caminho de Gibraltar, exilando-se em Inglaterra.

Este movimento carbonário pertencente a extractos socioeconómico de trabalhadores de profissões mais modestas, marujos e soldados, fez a revolução e a entregaram o poder aos dirigentes do Partido Republicano, cujos quadros não tinham força da luta. Fizeram a supressão da Coroa Real nos edifícios públicos e a destruição do retrato do rei. O governo provisório foi presidido por Teófilo Braga, da geração de 70, sendo ministros António José de Almeida, Afonso Costa, Basílio Teles, Bernardino Machado, António Luís Gomes, e as primeiras medidas tomadas foram: a Lei de Família, a lei do divórcio, a lei de separação da Igreja e do Estado, e criação das Universidades de Lisboa e do Porto.

A Assembleia constituinte reuniu-se em19 Julho de 1911 e em 21 Agosto  apresentou a primeira constituição da Republica Portuguesa, anti-cartista, baseada na constituição de 1822. O Congresso da Republica era o órgão base, formado de Senado e da Câmara dos Deputados; senadores e deputados eram eleitos por sufrágio universal directo, o mandato dos senadores era de 6 anos e dos deputados era de 3 anos; era a competência do congresso eleger e destituir o Presidente da República, a administração local era descentralizada, ideal republicano, mas a cobrança dos impostos continuou centralizada e daí as autarquias tinha a sua independência precária, mas logo no início o partido republicano perdeu a unidade, fragmentando-se em Partido Democrático de António Costa de reformas radicais composto de sector de opinião popular, anticlerical; em Partido Evolucionista de António José de Almeida, mais brando, conciliados com apoio dos níveis mais alto da burguesia republicana e em  Partido Unionista de Brito Camacho. António Costa chefe do Partido Democrático em 1913 presidiu o governo e dominou  temporariamente a anarquia administrativa e equilibrou o orçamento herdado da monarquia.

A 2ª fase deu-se com a entrada na 1º Guerra Mundial 1914-1918, como necessária para a defesa das colónias e também para fazer alinhar o país no contexto europeu para conseguir o progresso nacional, sabendo-se que em 1913 Inglaterra e Alemanha  elaboraram um plano secreto, dividindo o ultramar português metade para cada um, mas a guerra suspendeu o plano. As esquerdas eram pelos aliados e as direitas eram pelos alemães, mas externamente a Inglaterra não admitia que Portugal invocasse a aliança inglesa para entrar na guerra; no entanto, quando ao começar a guerra cerca de 70 navios mercantes alemães surpreendidos no mar refugiaram-se no Tejo, porto neutro, escapando-se ao aprisionamento pela esquadra inglesa, Portugal aprisionou-os, a pedido dos ingleses em 1916,  para os colocar ao serviço da marinha inglesa e os alemães declararam guerra a Portugal e 2 divisões com 55 000 homens foram para a França em 1917 onde se mantiveram até ao armistício, Novembro de 1918, e outra forças foram enviadas par Angola e Moçambique com fronteiras com as colónias alemãs, invadidas pelos alemães, onde morreram 5 000 homens. E Portugal na Conferência de Paz alinhou-se com os vencedores e obteve o reconhecimento das posições portuguesas em África e teve direito a indemnizações de guerra que os alemães tiveram que pagar aos aliados.

Com a entrada na guerra os partidos juntaram-se e formaram a união sagrada, mas as forças que opunham a entrada na guerra, sobretudo a direita, desencadearam em 1917 a revolução de Sidónio Pais e estabeleceram a ditadura de Sidónio Pais, que através dum decreto determinou que a eleição do Presidente da Republica fosse feita por sufrágio universal e directo, e foi eleito Presidente da República, mas em finais de 1918 foi assassinado, seguindo agitação e os sidonistas e os monárquicos tentaram conquistar o poder e proclamaram a Monarquia do Norte norte, Porto, mas em reacção deu-se o reavivamento do sentimento republicano levando a vitoria das forças democráticas, República Velha, em oposição a República Nova de Sidónio Pais.

Este período de 1920 – 1926 foi a fase muito agitada e passaram pelo governo 8 ministérios e no dia 19 de Outubro de 1921 deu-se a noite sangrenta em que foram assassinados políticos de destaque, António Granja, etc.

As questões económicas e financeiras, desvalorização da moeda, inflação galopante, agravaram a crise politica e os títulos das pequenas economias e as remunerações ficaram desvalorizados e em 1924 os operários enquadrados por organizações sindicais anarquistas usaram greve para melhorar os salários, com violentas confrontações, servindo-se de bombas, com as forças publicas e em 1923 Lisboa albergou o I Congresso Pan-Africano para a luta dos povos africanos.

O Partido Democrático entrou em crise, cindindo-se em grupos rivais, e Afonso Costa abandonou o país.

O Estado acusava os efeitos da crise. A democracia politica, o parlamentarismo, os movimento operários, as propostas de reconversão social, eram considerados decadentes. A revolução russa de 1917 levou às classes medias ao instinto de protecção. A necessidade de reconstrução das economias devastadas pela guerra tendia a esperar do Estado mais ordem e disciplina. Era esta a situação internacional europeia e em Portugal a Republica tinha desmembrado em correntes rivais, as forças armadas partidarizadas, os civis revolucionários, tornando-se violenta a cena politica, pelo que  pedia-se a suspensão desse tipo de politica e implantação de uma vida politica renovada e corrigida.

Por outro lado, além da cisão no próprio partido democrático os Evolucionistas e Unionistas desejavam o derrube do governo, apoiados pelos intelectuais católicos, monárquicos e maior parte do Exército, sobretudo jovens oficiais, e através do plebiscito queriam restaurar, já não aceitavam o domino dos heróis de Outubro. As forças politicas recorreram as armas em diversos locais no Porto, Lisboa e Algarve. Mas o Regimento de Artilharia da Serra de Pilar, em Gaia, opôs-se à revolta e bombardeou o Porto. O Governo dispondo dos transportes, comunicações e arsenais, impôs o seu domínio no Porto depois de 5 dias de combates violentos. Em Lisboa a revolta foi vencida depois de 3 dias de luta e mais de 600 pessoas presas e embarcadas para Açores, Guiné, Cabo Verde e Angola. Foi instaurada a censura militar e os partidos, organizações sindicais e associações politicas dissolvidas e as sedes encerradas, muitos políticos saíram do pais e fixaram-se em Espanha, França, Brasil. Meios operários e intelectuais reagiram negativamente com a decapitação das oposições e a ditadura consolidou-se com o apoio da maioria do Exercito e de grande parte da opinião da classe média.

                                                           2ª REPÚBLICA 

                                                  A REVOLUÇÃO DE 28 DE MAIO DE 1926  

Face a situação, surgiram 2 movimentos revolucionários, formados pelos dissidentes do Partido Democrático: um em Lisboa encabeçado por oficiais políticos, comandante Mendes Cabeçada e Armando Ochoa, da Marinha, mas ambos são presos em Santarém; outro em Braga, com cariz nacionalista fora de todos os partidos, mas republicanos, liderado por Alves Roçadas, antigo governador de Macau e de Angola e veterano das campanhas africanas, que morreu dias antes da revolta e foi substituído pelo General Gomes da Costa com campanhas africanas e actuação na grande guerra, movimento que consegue a adesão das tropas do norte – Golpe Militar de 28 de Maio de 1926.

Para resolver esta crise, o Presidente da República Bernardino Machado convidou Cabeçadas formar o governo e no dia seguinte 31 de Maio 1926 renunciou a presidência. Mas Gomes da Costa não concordou e formou uma Junta Governativa: Cabeçadas, Gomes da Costa e General Carmona, os quais constituíram o 1º governo formado de Oliveira Salazar, Mendes dos Remédios, Manuel Rodrigues e o Eng. Ezequiel Campos, mas Salazar não entrou por motivo de saúde e Ezequiel Campos foi exonerado por exigência das forças da direita. Em 6 de Junho 10 000 militares entraram em Lisboa sob comando de Gomes da Costa e desfilaram na Av. Liberdade e Cabeçadas foi forçado a sair e a chefia do Estado foi assumida pelo Gomes da Costa, mas entrou em conflito com os ministros e demitiu o Carmona e alguns outros ministros, mas os comandantes do exercito sob pretexto de não terem sido consultados demitiram Gomes da Costa e sob prisão foi embarcado para Açores.

Acalmada a oposição em Fev. 1927 o Governo pensou recorrer ao empréstimo externo de 1,2 milhões de libras à Banca Internacional, para fazer despesas urgentes com a reparação das estradas, construção dos portos de Leixões, Lisboa e Lobito, e face as garantias solicitadas recorreu à Sociedade das Nações Unidas, mas a Liga de Paris/Liga da Defesa da República, dos exilados políticos, como Afonso Costa, Jaime Cortesão e António Sérgio, informou aos representantes da Inglaterra, EUA e França, que não reconhecia legitimidade a operação financeira em causa, por a mesma não possuir autorização do Congresso da República, obrigando assim a Sociedade das Nações Unidas condicionar a sua concessão a fiscalização através de um Comité Financeiro. O Ministro das Finanças, interino, Ivens Ferraz declarou que tais condições eram ofensivas da dignidade nacional e o empréstimo não foi realizado.

Em 24 de Fevereiro de 1928 estabeleceu-se que a eleição do Presidente da República se realizaria por sufrágio directo e o General Carmona apresentou-se como candidato único e foi eleito por 738 275 votos e a chefia do governo foi entregue ao Coronel José Vicente de Freitas. O governo apresentou um programa de defesa da ordem publica, controlo das despesas, revisão das contribuições, remodelação dos Serviços Públicos, descentralização administrativa e novo Código Administrativo, fomento da produção nacional, incremento da instrução primária, fomento na Metrópole e nas Colónias, desenvolvimento do Ensino Técnico e foi empossado o Prof. António de Oliveira Salazar em 27 de Abril de 1928 na pasta das Finanças, que aceitou com a condição de colocar na sua dependência toda a administração pública a fim de controlar as suas despesas e pediu obediência e confiança na sua honestidade e inteligência: “Sei muito bem o que quero e para onde vou. No mais, que o país estude, represente, reclame, discute, mas que obedeça quando se chegar a altura de mandar”.

Salazar foi educado na família católica tradicional, frequentou seminário; pertenceu ao Centro Católico Português e colaborou na imprensa católica, Novidades. Sua vida baseava-se num catolicismo social e num pensamento democrata cristão, pois a democracia cristã, como pensamento político e organização social, é o motor original de salazarismo, política e ideologicamente. Seu objectivo era recuperar os valores morais, nacionalismo ordeiro e conservador. Em Janeiro de 1930, quando da remodelação do governo, acumulou além da pasta das Finanças, a da administração ultramarina, e como Ministro das Colónias preparou o Acto Colonial, afirmando os princípios fundamentais da administração ultramarina, que depois é anexado como Lei à Constituição de 1933.

Como os partidos representavam a facção, contra o espírito de unidade o governo criou a União Nacional, com um nacionalismo histórico, racional, reformador e progressivo, desviando-se do socialismo e do liberalismo, era nem democracia nem fascismo, mas os partidos em oposição juntaram-se em Aliança Republicana Socialista, sendo seus representantes Norton de Matos, Mendes Cabeçada e Tito Morais, os quais foram recebidos pelo Presidente da República, que lhes impôs que a sua actividade fosse feita dentro da União Nacional.

Mas em 1931 os oficias deportados na Ilha de Madeira revoltaram-se com o apoio da população, despertando um movimento revolucionário nos Açores, em S. Miguel, Terceira, Graciosa e Faial, na Madeira. E na Guiné um grupo dos deportados apoderou-se do governo local. Para repor a ordem uma expedição ida de Lisboa sufocou a revolta nos Açores, Guiné e Madeira, mas aqui foi necessário bombardear a posição dos revoltosos e afundou-se um navio de guerra. Também houve revoltas na Faculdade de Medicina de Lisboa, com tumultos e escaramuças dos civis, Universidades do Porto e de Coimbra e em 1 de Maio de 1931 uma revolta popular, apoiados por alguns oficiais, contra as forças de ordem da GNR e do Exército.

                                                            O ESTADO NOVO

IDEOLOGIA POLÍTICA DO ESTADO: Em 18 Maio de 1933, Salazar apresentou o projecto da Constituição Política aprovado pelo Conselho Político Nacional, depois de ter sido objecto de plebiscito em 19 de Março de 1933, mas sem debate público, e com uma votação favorável de 719 364, abstenções 467 179 e contra 5 955, encerrando a época do liberalismo individualista, fazendo predominar o nacionalismo, projecto que não satisfez a direita e a esquerda, pelo que o Presidente do Governo Vicente Freitas demitiu-se e o Presidente da República convocou o Conselho Político Nacional e nomeou Presidente do Governo, Salazar. O novo gabinete era formado de professores sem militância política, em que se incluía Duarte Pacheco Pereira, Ministro das Obras Públicas e Comunicações e Salazar acumulou interinamente a pasta da Guerra e declarou que quem decide agora é o Chefe de Estado e o Governo por ele livremente nomeado. A oposição da extrema-direita, movimento dos nacionais sindicalistas, sob chefia de Francisco Rolão Preto, organizou milícia decalcando o fascismo, camisas negras com braçadeiras, saudação romana, etc., mas Salazar extinguiu-a e Rolão Preto exilou-se em Espanha.

O Salazarismo baseia-se no catolicismo social democrata-cristão, ele próprio, nos primórdios, estava ligado ao Centro Católico Português e a igreja, era sócio do Centro Académico de Democracia Cristã e é eleito deputado com o apoio da imprensa católica, Novidades – É simbiose de conservadorismo nacionalista com o catolicismo social em reacção ao internacionalismo imperialista e ao internacionalismo operário. Baseou-se na concepção da igreja cristã da democracia da versão socialista, opondo-se à democracia social igualitária preconizada pelos socialistas, a democracia hierarquizada de autoridade e de propriedade privada. Salazar dizia a democracia, ou é cristã, ou não é democracia: “não se pode reconhecer outra democracia verdadeira que não seja a fundada no catolicismo, porque fora do cristianismo não compreendemos o que seja ou possa ser a liberdade, a igualdade e a fraternidade humana”.

Esta nova constituição baseou-se no integralismo lusitano, pensamento social da Igreja em relação ao capital e trabalho, doutrinas corporativas da Itália, texto constitucional alemão de 1919, mas do ponto de vista histórico regressou a Carta Constitucional, dando ao Chefe de Estado posição dominante e repúdio ao parlamentarismo democrático da Constituição de 1911 e de 1822, mas baseou-se no nacionalismo, independentemente da sua localização geográfica, autoridade do Estado, intervencionismo estatal na área económica, embora confiada a iniciativa privada. O Estado tutelou os interesses públicos pelas corporações, mas a organização do poder político era republicana, democrática e presidencialista, visto basear-se no sufrágio directo e no reconhecimento da autoridade do Presidente da República, como ultimo garante da política nacional, em que o Presidente da República é independente do Parlamento e Assembleia Nacional, e escolhe livremente o Presidente do Conselho de Ministros, que só perante ele, Presidente da República, responde. Como aconteceu com todas as constituições desde 1822, esta constituição descreve o território nacional como partes integrantes da Nação, bem como os seus habitantes, todos os territórios são Portugal e estabelece os valores imutáveis da Nação: a fé católica, o dever de colonizar as terras de além-mar, a família como núcelo elementar da sociedade e faz a evocação de grandes figuras da história Pátria e recusa o estado totalitário, distanciando-se do fascismo, do nazismo e do comunismo.

A permanência da doutrina de democracia representativa é atestada pela existência de assembleia de deputados eleitos por sufrágio directo, não por votação individual, mas pelos representantes das corporações, assim a Nação era formada de famílias, autarquias e organismos corporativos, em que a função de legislar pertencia a uma Câmara de Deputados e junto dessa Câmara funcionava uma Câmara Corporativa, formada de representantes das autarquias locais e dos interesses sociais, competentes para dar parecer sobre propostas e projectos de lei, antes de o parlamento iniciar a sua discussão, mas os deputados a Assembleia Nacional eram eleitos através da lista apresentada pela União Nacional. Em 1936 surge o Novo Código Administrativo para centralização moderada e controlo da administração autárquica. Assinou com a Santa Sé a Concordata de 7/5/1940, consagrando a liberdade religiosa, a estrutura e organização missionária no ultramar e a garantia do Padroado do Oriente.

Em 1944 a pasta de defesa é assumida pelo coronel Santos Costa. O Presidente Carmona é reeleito para o 2º mandato de 7 anos em 1935, 3º eleição em 1942 e 4ª eleição em 1949 até a data da sua morte em 18 de Abril de 1951.

A acção governativa fez-se sentir durante toda a II República com eficiência permanente, através da imposição da autoridade do Estado, restrições de liberdades cívicas, censura da imprensa, controladas pela Polícia de Vigilância de Estado e da Defesa do Estado, PVEDE, depois designada de Polícia Internacional da Defesa do Estado, PIDE, e em 1969 designada de Direcção-Geral de Segurança, DGS. Este serviço dispunha de uma rede de informadores secretos que reprimia as actividades ilícitas todos os movimentos políticos não autorizados, sobretudo Partido Comunista, as greves eram considerados atentados à ordem e reprimidas pela força pública.

Em 1940 ao completar o 3º centenário de restauração de 1640 e 8º centenário em que D. Afonso Henrique usara pela 1ª vez o título de rei de Portugal, o governo programou série de actividades, procurando demonstrar o contributo português para a civilização mundial, com a realização espectacular da Exposição do Mundo Português, organizada em Lisboa, com a colaboração de quase todos os artistas plásticos, em que ostentaram os 8 séculos da história. A adesão da opinião pública foi entusiástica, pelo que o ano de 1940 foi o momento mais alto do movimento nacionalista de reacção aos mitos de decadência. É o chamado estilo dos anos 40 que marcou um momento decisivo da consciência cultural portuguesa. Este programa era um festejo internacional e previa a participação ao mais alto nível de quase todas as nações com relações diplomáticas com Portugal, mas foi prejudicado com a 2ª Grande Guerra, dividindo a Europa entre 2 campos, Aliados e Eixo Berlim Roma.

Finda a 2ª Guerra Mundial, Portugal candidatou-se sua entrada na ONU, com o apoio de EUA, Grã-Bretanha e França, mas a URSS vetou no Conselho de Segurança. Após a morte de Estaline, EUA e URSS, negociaram entre eles a entrada de Portugal na ONU, o que veio a suceder em 1953, após negociações entre os dois blocos, e Portugal apresentou-se como um Estado Unitário, repudiando a discriminação racial e garantindo a igualdade de todos perante a lei, apresentação que foi aceite pela maioria até 1960, quando com a entrada de numerosos países africanos e asiáticos a maioria de votos passou a ser contraria a Portugal a que ainda juntaram algumas nações ocidentais e latino-americanas. Antes em 1953 Portugal também assinara o Tratado de Amizade e Consulta com o Brasil alicersando a Comunidade Luso-Brasileira para delinear estratégias conjuntas de actuação.

Portugal com a entrada na OTAN fez a modernização das Forçadas Armadas e tornou-se aliado dos países anticolonialistas, defendeu o não isolamento, e apresentou o plano da defesa de OTAN incluindo o flanco sul africano: Cabo Verde/S. Tomé e Príncipe/Guiné/Angola/Utilização de Nacala em Moçambique, ideia que em 1974 foi reforçada com a rivalidade naval com os soviéticos e durante a administração Nixon Portugal é elogiado pela sua luta contra o comunismo.

A partir de 1950 fez-se preparativos de implementação da Força Aérea em Angola, Moçambique, Índia e Macau, e fortam criadas 3 regiões aéreas: 1ª Região Aérea em Lisboa, Monsanto, metropolitana, Madeira, Cabo Verde e Guiné; 2ª Região Aérea em Luanda: Angola, e S.Tomé e Príncipe, e a 3ª Região Aérea em Lourenço Marques: Moçambique, Goa, Damão e Diu, Macau e Timor;

A partir da década de 1951 usa-se o conceito “Ultramar”, em substituição do “império” “do Minho a Timor”, e defende-se o lusotropicalismo e a miscigenação, como uma visão integracionista e o Acto colonial de 1930 é integrado na Constituição; o termo colónias é substituído por províncias ultramarinas: “Armas e barões assinalados”; Camões, “Falta cumprir Portugal”, Fernando Pessoa; “Mar salagado, quanto do seu sal são lágrimas de Portugal”, Fernando Pessoa; “No quinto império que sonhou, sonhava/o homem lusitano/à medida do mundo/e foi ele o primeiro/original/no ser universal../misto de génio, mago e aventureiro”, Miguel Torga; “Não há possessões portuguesas, mas pedaços de Portugal espalhados pelo mundo”, Salazar. O conceito “lusotropicalismo” foi usado pelo sociólogo brasileiro Gilberto Freire, lutador contra o racismo, denunciou também nazistas e racistas no Brasil e em 1951 por convite do Governo Português visitou Cabo Verde, Guiné, Goa, Moçambique, Angola e São Tomé e Príncipe e nestas visitas usou pela primeira vez o conceito de tropicalismo e lusotropicalismo, divulgado em 1959.

O Decreto-Lei 38596 de 4JAN1952 determinou que o 10 de Junho se denominasse “Dia de Portugal”, feriado nacional com celebração a nível de todo o país e nas escolas evocando a epopeia de Camões.

Desde 1954 contingentes milutares passaram a ser enviados para a India Portuguesa.

A revisão constitucional de 1952 designou os territórios ultramarinos como províncias ultramarinas e Portugal ingressou na ONU em 1955. E sendo notificado nos termos do art.73º da Carta das Nações Unidas informar se administrava territórios não autónomos, respondeu que não e que as parcelas ultramarinas eram parte integrante da Nação soberana e unitária. Nesta pergunta está implícito que os territórios ultramarinos portugueses não eram reconhecidos pública e internacionalmente como territórios coloniais, se não a ONU exigiria a independência destes territórios, pois estava decidido na Carta das Nações Unidas que destes territórios não autónomos nasceriam novos Estados independentes, sendo as respectivas fronteiras as resultantes de colonização. Mas as nações do bloco soviético e afro-asiático reagiram-se contra a posição portuguesa na sede da ONU, através dos discursos e moções, mas à partir de 1961 surgiu a guerrilha coincidindo com a eleição de Kennedy para a presidência dos EUA.

Cecília Supico Pinto criou em 1961 o Movimento Nacional Feminino, MNF, para apoiar os soldados no ultramar e surge também a secção da Cruz Vermelha Portuguesa, para assistência moral e ajuda humanitária e surgem mulheres enfermeiras paraquedistas, em Guiné, Angola e Moçambique, 1963-74.

A construção do muro de Berlim a 13/8/1961 reforçou a importância dos Açores e dos que defendiam a defesa africana nos meios dos EUA. O acordo da base dos Açores expirava no final de 1962 e Kenndey queria renova-lo, e, nesta perspectiva, em 1962 apresentou ao governo português o Plano Sakwa de descolonização ultramarina, elaborado com a CIA. A sua aprovação dava ao governo português uma contrapartida de 70 milhões de dólares em assistência, mas Salazar, dando sinal contra a renovação da base dos Açores, em Janeiro de 1962 proibiu a aterragem de qualquer avião das Nações Unidas ou ao seu serviço. Os EUA a partir de Julho de 1962 iniciam contactos com Holden Roberto e tentam a mediação de De Gaulle, que é recusado pelo Salazar. Face a não cedência de Salazar os EUA impõem  as restrições a mobilidade de Holden Roberto nos EUA, e Portugal decidiu autorizar a cedência das base, mas sem acordo formal e no final de 1962 quando o expirou os EUA moderaram a sua posição ainda mais, e apresentaram em 1963 uma versão moderada do plano Sakwa com a contrapartida de 500 milhões de dólares de apoio,mas Salazar disse:”Portugal não está a venda”. Entretanto  a atenção dos EUA foi desviada de todos os outros assuntos com a escalada da guerra  de Vietname. De novo em  1965 os EUA apresentam o Plano Anderson para negociações entre africanos e portugueses com período de transição para autodeterminação, por plebiscito e com apoio económico extensivo à África portuguesa, sugerindo um período de transição de 8 anos, mas Salazar respondeu que os nacionalismos africanos dariam lugar a Estados independentes baseados na teoria de “indígenas primitivos”.E apesar de não aceitação do seu plano, os  EUA retomaram a assistência militar a Lisboa e aumentaram o investimento privado no ultramar, sobretudo no petróleo angolano, mas os mega projectos, como Cabora Bassa, em Moçambique.

6 - 7 de  Dezembro de 1968 Salazar após uma queda é internado e é nomeado Marcelo Caetano para Presidência do Conselho de Ministros, que optou pela continuidade para tranquilizar os conservadores e pela renovação para satisfazer os liberais. Mas a reconstituição dos partidos políticos não foi consentida e nas eleições de 1969 só os deputados propostos pela União Nacional foram eleitos, a censura continuou, embora atenuada, a policia politica suavizada e alguns exilados o bispo do Porto, Mário Soares, Cunha Rego regressaram, a previdência social foi ampliada e atribuída pensões aos trabalhadores rurais e às profissões mais humildes.

Marcelo Caetano entra em 1968 e com a legislatura a chegar ao fim e dar lugar a novas eleições e para isso como sinal de abertura política autorizou o regresso de Mário Soares e do Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes e Marcelo Caetano visitou, Guiné, Angola e Moçambique, além de outras visitas ao estrangeiro e ao Brasil, e feitas as eleições em 1969 o governo ganhou e não houve protestos da oposição.

Em 1970 substituiu a designação de Provínias por Estados como via integracionista.

Em 1972 o Almirante Américo Tomás ao findar o seu 2º mandato presidencial foi reeleito pela 3ª vez pelo colégio eleitoral restrito estabelecido pela reforma constitucional de 1959, sem disputa.

Em Janeiro de 1972 os Transportes Aéreos Militares, TAM, Boeing 707, substituíram as viagens de barco dos militares.

ORGANIZAÇÃO ECONÓMICA: O planeamento esteve quase sempre ausente na economia portuguesa. Só à partir de 1935 foi instituída a Lei de Reconstituição Económica com um plano de 15 anos com um programa de aplicação de 6,5 milhões de contos, para rearmamento do Exército, construção de vias de comunicações, estradas, caminhos-de-ferro, portos e aeroportos, desenvolvimneto da rede eléctrica nacional, hidraulica agrícola, irrigação, serviços diversos do Estado e da Defesa Nacional,  edifícios escolares, reparação dos monumentos, comunicações telefónicas e telegráficas, período em que a agricultura cresceu com as campanhas de 1930 a 1940, de trigo, reflorestação, plantações e ordenamento do vinho, etc., seguido de planos quinquenais: I Plano de Fomento, de 1953-1958,acrescido de outros investimentos previstos noutros programas: novas barragens, electrificação das linhas férreas, planos de rega do Alentejo, montagem de Siderurgia Nacional, uma ponte sobre o Tejo, turismo, novas escolas, hospitais, tribunais, quarteis..  2º Plano de Fomento, 1959-1964, renovação global económica, mas  o sector agrícola e alguns sectores industriais sofreram grandes quebras, por causa da guerra ultramarina, pelo que foi intercalado o Plano intercalar de 1965-67  para fazer face à evolução das despeasas militares, o 3º Plano de Fomento, 1968-1973, deu-se uma verdadeira expansão das actividades económicas;  o 1V Plano de Fomento Nacional foi dinamizado e decidido arrancar o projecto de Cabora Bassa em Moçambique, o Complexo de Sines no Alentejo para servir de refinarias das ramas de Cabinda e a rede de vias rápidas para dinamizar o desenvolvimento económico, este plano incluia o  pleno aproveitamento dos recursos humanos, mas que foi abandonado com a revolução de 25.04.1974. Estes  planos tinham carácter obrigatório para o sector público e apenas orientador para o sector privado.

Assim foi executado o vasto programa de obras públicas, rede de estradas foi aperfeiçoada e desenvolvida, passando de 13 000 km para 32 000 km, os serviços públicos que na sua maioria se encontravam instalados nos conventos secularizados desde 1834 foram dotados de edifícios próprios, em quase todas as cidades construíram novos tribunais, estações de correios, quartéis, edifícios camarários, escolas primárias e secundárias, iniciaram a construção das grandes barragens hidroeléctricas e instalaram centrais termoeléctricas, visando produzir energia necessária para o arranque industrial do país, foram feitos o Metroplitano de Lisboa e a rede de estradas e ferrovias foi completada com a construção de numerosas pontes: Rio Douro, Rio Zezere e o Rio TEjo, os portos foram melhorados, o número de navios de marinha mercantes sofreu aumento, foram construidos os grandes estaleiros de Lisnave e da Stenave para recepção de maiores petroleiros do mundo, investiu-se nas refinarias de Cabo Ruivo, Matosinhos e no Complexo Petroquímico de Sines, bem como foram  construídas as grandes pontes sobre o Rio Douro, em 1963 e sobre o Tejo em 1966, bem como o  Hospital de Santa Maria em Lisboa e o Hospital de São João no Porto, o edifício da Cidade Universitária de Lisboa, nova Biblioteca Nacional, aberta ao público em 1969, e o Tribunal Judicial de Lisboa em 1970, foram edificadas muitas dezenas de barragens para prouduçaõ de energia hidráulica e abstecer obras de hidráulica e disciplinar caudais e leitos dos rios, melhorar a agricultura e abastecer as populações, multiplicaram as Casas do Povo e as Casas dos Pescadores, os bairros  e os Centros de Acção Social, as Casas Económicas, os Centros Desportivos e as Colónias Infantis, construíram-se os hospitais, maternidades, sanatórios, e o Instituto Português de Oncologia, hospitais distritais e conchelhios, os dispensários e os Centros de Assistência, construíram quartéis., etc.

Com a recuperação económica desenvolveram as industrias de defesa e em 1961 as Forçasa Armadas dispunham, Fabrica Nacional de Munições e Armas Ligeiras, Fabrica Militar de Braço de Prata, Fabrica Nacional de Equipamentos e Arreios, Fabrica Militar de Santa Clara, Manutenção Militar, Oficinas Gerais de Fardamento e Calçado, Oficinas Gerais de Material de Engenharia, Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos, Cordoaria Nacional, Oficinas Navais de Alfeite, Oficinas Gerais de Material Aeronáutico, Fabrica de Tramalgal de montagem de viaturas Unimog e Berliet, Fundição de Oieras fabrica de bombas de avião, etc. As Forças Armadas Portuguesas eram auto suficientes em munições de armas ligeiras, de morteiros e de peças de artilharia. Fabricavam a espingarda automática G3, a metralhadora HK-21, o dilagrama para acoplamento à espingarda G3 para lançamento de granadas de mão, mas que resultou mal, calçado e fardamento, equipamento individual de combate, rações de combate e alimentos, combustíveis e lubrificantes, principais fármacos, vacinas e equipamentos diversos de saúde, reparação de todo o tipo de viaturas, incluindo carros de combate, peças de artilharia, e ainda reparação de navios de Armada e dos aviões da Força Aérea. Apenas se encontravam dependentes na aquisição de aviões, a maior parte dos navios para a Armada, Artilharia, mísseis e equipamentos diversos sofisticados e ainda comunicações, fabrico de lança granadas foguetes. Os países que tinham capacidade para fornecer material moderno eram a Espanha, França, Alemanha, África do Sul e Israel. Igualmente algum material e munições eram compradas no mercado negro, incluindo países comunistas. Apenas, na presidência de Nixon os EUA modificaram a sua política em relação a Portugasl e a sua ideologia, e  permitiram a venda de material, 2 boeings 707, 12 helis bell 212 e 1 navios hidrográfico e em 1974 estava em marcha a aquisição de mísseis antiaéreos SS 11 contra a eventual utilização dos MIGs na Guiné, bem como helicópteros, corvetas, etc..

Em resultado deste esforço, o produto interno bruto progrediu incessantemente devido ao progresso do sector industrial, sobretudo as indústrias químicas e metalúrgicas. No entanto a agricultura não sofreu expansão e manteve a política de salários baixos, não se corrigindo o desnível da vida do campo, e provocou intenso surto de emigração para zonas que ofereciam emprego industrial e para o estrangeiro, com maior ênfase entre 1960 e 1970, para a Europa Ocidental e Central, especialmente a França, onde ofereciam salários superiores aos praticados em Portugal. Mas a partir do III Plano, aumentou o nível da vida da classe média, pequena burguesia, e a politica de desenvolvimento económico sobrepôs-se a preocupação do equilíbrio financeiro; os sectores industriais e serviços são os que mais progridem, alterando as condições sociais.

Em 1961 Portugal era um Estado forte financeiramente, com uma administração rigorosa, com superavit nas contas públicas e com uma boa cobertura de reservas de ouro e de divisas, sendo, por isso, o escudo uma das moedas mais estáveis, fortes e respeitadas no mundo.

A partir de 2ª Grande Guerra o tráfico entre ultramar e metrópole cresceu, sobretudo importações, bem como em reexportações, e com a ajuda dos EUA em 1942 em material ferroviário, comunicações, máquinas e alguns aviões para os incipientes transportes aéreos. Em 1944 surgiu fábrica de algodão em Angola e o Grupo Champalimau estabeleceu em Moçambique a indústria de cimentos e várias empresas na área das bebidas, comércio, metalugria ligeira, material de construção, etc. E além do Banco de Angola e do BNU surge o Banco Português do Atlântico em Angola. Finda a 2ª Grande Guerra Mundial  Portugal apresenta uma posição financeira invejável, abrindo caminho ao desenvolvimento do ultramar e da Metrópole, como mercado interdependente. Entre 1945 e 1953 no contexto dos programas de grande investimento, foram nacionalizados os caminhos-de-ferro, fez-se a exploração do carvão e de urânio em Moçambique, o trabalho compulsivo foi ilegalizado, mas o homens entre 18 e 55 anos eram obrigados a trabalhar 5 dias por ano nas obras públicas e as importaçõe passaram a ser feitas directamente em diferentes territórios. Em Angola introduziram colonatos agrícolas de Cela, Matala e Vale de Cunene, e barragens hidráulicas, surge a exploração do petróleo e ferro, Diamang exploração de diamantes, e minas de Cassinga. Em Moçambique colonatos agrícolas no Vale do Limpopo, mas tiveram pouco sucesso, e a barragem de Cabora Bassa. Em Timor depois de saída da guerra foi necessário crirar tudo do zero.

Em 1961 surgiu o “Espaço Económico Português”, uma zona de comércio livre, semelhante ao de EFTA, sem direitos alfandegários e liberdade de comércio e autonomia.

A guerra do ultramar fez disparar o desenvolvimento económico e social na Metrópole e em todos os territórios ultramarinos e parte do investimento feito nas operações de contra-guerrilha revertiam para a melhoria das condições de vida das populações locais e em 1973 a economia crescia cerca de 7%, era uma taxa elevada.

GUERRA CIVIL ESPANHOLA: Entre 1936 e 1939 a Guerra Civil Espanhola, que se iniciou por uma revolta militar contra o Governo da Frente Popular, desencadeando fortes reacções nos meios conservadores. Mas os generais não conseguiram uma vitoria imediata porque nas grandes cidades industriais, como Madrid e Barcelona, o Governo armara as forças populares dos partidos da esquerda e esmagou os movimentos militares. No entanto, nas províncias o movimento militar triunfou e Espanha ficou dividida em 2 campos opostos, os republicanos e os nacionalistas. O Governo português entendeu que o litigo representava o confronto entre as forças do comunismo e do anticomunismo. E apesar do pedido de neutralidade solicitado pela Inglaterra e pela   França, colaborou com os nacionalistas, porque o triunfo de Madrid representava a vitória do comunismo e perigo para independência nacional. A opinião publica foi mobilizada para apoiar o movimento militar espanhol  e no aniversario de Aljubarrota, Salazar numa grande manifestação patriótica, em Setembro de 1936 criou a Legião Portuguesa, organização militarizada de defesa do território no caso de agressão vinda de Espanha. A oposição portuguesa era a favor do governo de Madrid e em Setembro de 1936 surge um movimento de marinheiros e dois navios tentam sair do Tejo para se juntarem às forças navais dos republicanos, eram unidades recentes adquiridas para reconstrução nacional, mas são atingidas pela artilharia da terra e imobilizadas, com muitas vítimas, passados uns meses a esquerda colocou bombas no Ministério da Educação Nacional, na Embaixada de Espanha, na Fábricas de Armamento e no Rádio Clube Português, estação de rádio particular que apoiara os nacionalistas espanhóis e mobilizara a opinião pública a seu favor, bem como um atentado a bomba em Julho de 1937 a Salazar, sem efeito. Surgiram em Lisboa manifestações de repúdio e de apoio ao Salazar, sobretudo da oficialidade portuguesa, que no discurso de agradecimento afirmou que o nacionalismo espanhol era uma barreira entre Portugal e Espanha ao comunismo e que a revolta nacionalista era luta contra o comunismo no plano interno. As forças do Exército Espanhol, maioria formada por mouros das possessões espanholas do  norte de África foram reforçadas com tropas italianas e alemãs e receberam apoio português, enquanto as forças republicanas tiveram apoio das Brigadas Internacionais e ajuda técnica e material da União Soviética. O apoio português constituía de voluntários, viriatos, oficiais do activo e de apoio diplomático para impedir que a armada republicana utilizasse o porto de Tãnger como base de operações,bem como impedir a intervenção de comité de Londres  para acentuar o carácter internacional desta luta. Lisboa também enviou víveres aos rebeldes e o Governo de General Franco foi reconhecido, poucos dias antes da entrada das forças nacionalistas em Madrid, e em 17 de Março 1939, por iniciativa espanhola, Portugal e Espanha assinaram o tratado de Amizade e de não agressão, e esta vitória permitiu durante a 2ª Guerra Mundial manter o espaço ibérico fora do conflito.

2ª GRANDE GUERRA MUNDIAL: Na 2ª Grande Guerra Mundial, o governo português declarou a sua neutralidade, confirmada depois no Tratado de Amizade e Não Agressão entre Portugal e Espanha, de 17/3/1939, reafirmava a Aliança Inglesa e estabelecimento de relações cordiais com a Alemanha e a Itália e trabalhou na melhotia das Forças Armadas no reforço das defesas de Lisboa e do Porto, de arquipélagos atlânticos e de Angola e de Moçambique, e na saúde e prosperidade financeira, e recusou qualquer alnhamento ideológico com o nazismo e com o fascismo e contra o imperialismo emergente dos EUA e da URSS. Salazar defendeu que Portugal não tinha interesse na guerra, e que não tinha afinidade ideológica com nenhuma das duas partes em conflito, mas apenas lhe interessava a defesa do interesse português. Apesar da Aliança com a Inglaterra os pedidos ingleses, de suspensão da emissão de boletins meteorológicos das condições nos Açores, trânsito de soldados e munições inglesas pelo território de Moçambique, proibição de embarque de alemães em Portugal, foram recusados. Ao mesmo tempo deligenciou, no sentido de formar uma bloco ibérico, para evitar que a Espanha fosse arrastada para a guerra ao lado das potências do Eixo, situação que traria a guerra a Península e a Portugal. O fornecimento de volfrâmio é feito para ambas as partes. Portugal é assim um aliado não activo no que respeita ao território metropolitano. Em relação aos arquipélagos dos  Açores e de Cabo Verde a diplomacia portuguesa não se comprometeu com os americanos e com os ingleses para instalação das suas posições. A não ser, depois de morosas negociações. Assim no dia 18 de Agosto de 1943, quando já se previa a derrota alemã, assinou-se um acordo secreto concedendo a Inglaterra facilidades militares nos Açores e tropas inglesas ali desembarcam em 8 de Outubro de 1943, ao mesmo tempo se obtém o compromisso do Governo Espanhol de que o exército espanhol se oporia a qualquer ataque alemão a Portugal. Ao pedido americano Lisboa dificulta as negociações afirmando de que Portugal não tinha nenhuma aliança com os EUA, mas obteve um compromisso concedendo-lhes o apoio com a contrapartida de que estes darão ajuda em recuperar Timor Leste que havia sido ocupado pela Austrália em 1941 e depois pelos japoneses em 1942. Estes condicionalismos fgizeram com que os governos inglês e americano pressionassem o governo australiano para respeitar os direitos portugueses e ao terminar a guerra no Pacífico Timor Leste foi restituído à soberania portuguesa.

Os EUA tentaram ocupar Açores, mas os ingleses opusaram-se e o problema ficou resolvido diplomaticamente e o governo português invocou a Aliança Inglesa e concedeu aos ingleses facilidades militares no Arquipelago em 1943 e mais tarde foi extensivo aos EUA em 1944 para a construção de uma base militar em Santa Maria.

Foi uma neutralidade colaborante, sem o rompimento. Favorecer uma parte, Inglaterra e depois EUA, e arrastando as negociações até que o resultado da guerra oferecesse menos riscos e para a manutenção da soberania em todo o território ultramarino.

DEFESA CONTRA A OPOSIÇÃO, COMUNISMO E GUERRILHA NO ULTRAMAR: Finda a 2ª Grande Guerra o anticolonialismo e a independência dos povos tornou-se o principal objetivo das Nações Unidas, princípio aceite por Inglaterra, França, Bélgica e Holanda. Na União Indiana a França abandonou as suas possessões em 1956 e a Índia exigiu o mesmo a Portugal. Os jovens países africanos em 1960 aumentam a sua presença na ONU com 17 novos membros e em 1962, já com a Ásia, detinham a maioria dos votos da ONU, constituindo o bloco afro-asiático e quando em 1960 a Assembleia Geral das NU adoptou a resolução da iniciativa afro-asiática para terminar rapida e incondicionalmente  o colonialismo em todas as suas formas e manifestações , os poderes coloniais abstiveram-se juntamente com os EUA, em nome da estratégia da “Europa primeiro”, mas Kennedy quis dotar os EUA com uma estratégia africana contra a penetração comunista e para afirmar os princípios liberais.

Portugal neutro devido a ausência da guerra tonou-se um local de chegada de muitos milhares de refugiados, como o arménio Calouste Gulbenkian, o qual aqui fixou-se e legou a sua fortuna para formar uma fundação de caridade, arte, ciência e educação. As forças de oposição portuguesa eram favoráveis a aproximação com os Aliados.

Com o fim da 2ª Guerra Mundial, triunfou a democracia contra o totalitarismo. A classe media reconheceu a boa recuperação reorganização financeira, restauração do Estado,e  preservação da paz em Portugal durante a guerra. Mas muitos queriam a mudança para uma representação parlamentar e alguns colaboradores do regime acreditavam que o prestígio pessoal de Salazar e a aceitação internacional do seu regime Salazar lhe asseguraria o triunfo eleitoral. Salazar anunciou em 1945  a realização das eleições para a Assembleia Nacional, como plebiscito ao regime. Os partidos invocando tempo para a organização partidária e fundar os jornais pediram o adiantamento das elições por mais seis meses, através do MUD, Movimento de UNdidade Democrática.  mas negando aos  partidos políticos e as correntes de oposição formarem uma frente única, MUD, movimento de unidade democrática. O pedido não foi aceite, apesar da pressão internacional, considerando que o regime partidário era um sistema inadaptado a realidade portuguesa, em que o próprio 28 de Maio era uma reacção contra a politica dos partidos.A MUD optou-se por não se apresentar a campanha eleitoral. Em 10 de Outubro de 1946 uma coluna de um quartel do Porto ao dirigir-se para o sul – revolução de Mealhada, foram obrigados à rendição pelas  tropas fiéis ao regime. Em 1947 há alterações de ordem publica com greves nos estaleiros navais. Em 1949 surge um amplo movimento oposicionista  de apoio à candidatura do general Norton de Matos, candidato às eleições presidenciais, que fora alto comissário em Angola na I Republica, ligado a maçonaria, mas tal como em 1945 este não se apresentou as urnas por falta de condições e o candidato do regime General Carmona foi reeleito. Com a morte deste no novo acto eleitoral em 1951, quando as forças do regime queriam a candidatura de Salazar, foi apresentada a candidatura do general Craveiro Lopes, mas a MUD não conseguiu apresentar candidato e os conservadores apresentaram a candidatura de Quintão Meireles, que depois de uma campanha frouxa, desistiu invocando falta de condições democráticas, enquanto o candidato da esquerda, Prof. Luís Gomes não foi aceite pelo Supremo Tribunal de Justiça por achar que não reunia condições e o General Craveiro Lopes foi eleito Presidente da Republica.

Em 1958 nas eleições presidenciais apresentaram-se o candidato independente da oposição  Humberto Delgado, general do activo, homem do regime, com um programa de continuação da ordem constitucional do regiem, mas partidário de um novo recenseamento, nova lei eleitoral, e liberdades democráticas, e o candidato oposicionista esquerdista  Arlindo Vicente. Iniciada a campanha em 1958, no Porto, Humberto Delgado prometeu direito a greve, subir os salários, féria pagas, garantia na doença, e na velhice, e as eleições realizaram-se no dia 8 de Junho de 1958 com 23 % para Delgado e 75% para Almirante Américo Tomás, candidato de Salazar. Delgado invocou a fraude e continuou com forte acção politica contra o regime e em 1959 refugiou-se na Embaixada do Brasil e pediu asilo. Na mesma altura Henrique Galvão refugiou-se na embaixada Argentina. Mais tarde em Janeiro de 1961, juntamente com Camilo Mortágua, com um grupo armado de révolveres e metralhaodoras, formado de resistentes espanhois e português, para chamar a atenção internacional contra as ditaduras peninsulares, apoderaram-se por assalto o paquete Santa Maria com 370 tripulantes e 600 pasageiros, causando a morte do oficial do quarto, ao largo de Curaçau. Os americanos não o detiveram por acharem ele ser por democracia e dirigiu-se ao Recife onde se entregou às autoridades brasileiras, que o entregaram ao adido naval português.

Os trabalhadores nativos se revoltaram, na Baixa do Cassenje em Angola, como protesto contra o cultivo obrigatório do algodão, atraso no pagamento dos salários, e contra a presença dos europeus, rebelião essa que foi reprimida pelas forças  do exército em Angola com meios aéreos e quando em 4/2/1961 em Luanda os independentistas atacaram as instalações prisionais e forças da PSP causando diversos mortos e feridos. Destes incidentes feito o relatório concluiu-se que a solução do problema era político, económico e social, com causas de desmandos e abusos baseando-se na ilegalidade. Botelho Moniz, ministro da Defesa insurgiu-se contra o imobilismo do governo em relação a questão ultramarina, e tornou-se representante dos oficiais de oposição, e escreveu ao Salazar os seus pontos de vista, sendo recebido em Março de 1961 para os debater, mas não os conseguindo defender, manifestou-se preocupado com a atitude dos EUA e ele próprio propôs que fosse feita uma política de fingimento de aceitação do ponto de vista americano. Salazar discordou desta atitude e ficou com a má impressão do seu Ministro de Defesa, pelo que falou com o Pr. Américo Tomás e pediu-lhe para o receber e saber se a sua posição tinha apoio do Exército, fazendo visita a cada região militar e aí lendo a tal carta e recolher a sua opinião. Nisto, no do dia 11 para o dia 12 de Abril de 1961 Botelho Moniz deu início ao  movimento militar para proceder no dia 13 de Abril de 1961 o Golpe de Estado, e pediu ao mesmo tempo ao A. Tomás a demissão do Pr. Conselho, pedido ao qual A.Tomás disse que ia reflectir e no dia seguinte recebeu Salazar a quem contou e reiteirou-lhe a confiança. Salazar demitiu o Botelho Moniz, Almeida Fernandes e Costa Gomes, apodados de traidores, e procedeu a uma remodelação do governo. Salazar assumiu as pastas de Defesa e lançou o brado “para Angola rapidamente e em força”.

O voo TAP de 11/11/1961 de Casablanca para Lisboa foi apoderado pelo grupo de 6 operacionais anti-fascistas, sob a chefia de Palma Inácio, e lançaram panfletos sobra Lisboa, Beja e Faro, seguindo-se para Casablanca. Palma Inácio fora anteriormente preso em Alfube, por ter sabotado aviões na base de Sintra,e donde fugira em 1951. Esta operação fora planeada pelo general Henrique Galvão e estava inserida num plano mais vasto de insurreição militar falhada de norte a sul, por falta de apoiantes.

O Humberto Delgado advogou a autodeterminação do Ultramar, visitou vários países, Marrocos, Itália, Checoslováquia, Argélia, etc. e depois de campanha entre os portugueses no Brasil estabeleceu-se em Argel e em 1965 ao tentar entrar clandestinamente em Portugal durante a revolta militar dos oficiais do quartel de Beja, foi morto na fronteira espanhola, em 26.04.1965 na área de Badajoz, juntamente com a sua Secretária,  enquanto Henrique Galvão foi à sede das Nações Unidas e afrirmou que a autodeterminação aplicda a África era artificial e em 26/4/1965.

Na Igreja surge o conflito com o bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, que queria liberdade e justiça social. Nisto deu-se a dissolução da Sociedade de Escritores, acusada de ter favorecido politicamente ao atribuir prémio literário a um autor angolano comprometido com movimento opositor a soberania portuguesa.

Internacionalmente no contexto da guerra fria, sendo  Portugal membro de OTAN e possuindo a base norte-americana nos Açores, diminuiu o isolamento  do regime e permitiu um apoio militar importante. O convite para membro fundador da OTAN foi devido a utilização militar dos Açores, mas com a chegada de Kennedy 1961-62 dá-se a mudança da política americana e aproximação ao nacionalismo negro, e apoio a alguns movimentos de libertação para evitar a penetração soviética em África.

Em Julho de 1961 o Presidente de Daomé ordenou a Portugal a retirada da Fortaleza de São João de Baptista de Ajudá,

A ocupação da Índia Portuguesa pela União Indiana em 19 de Dezembro de 1961. 

Salazar viu a mão norte-americana porque  os EUA tinham contactos prévios com os movimentos nacionalistas, especialmente em Angola e desde 1959 Holden Roberto era conhecido nos círculos políticos norte-americanos e em contacto com o próprio Kennedy e com o seu irmão Roberto Kennedy e Portugal a nível interno organizou rapidamente a resposta militar com manifestações contra os EUA em Lisboa e no Ultramar contra as instalações diplomáticas norte-americanas e em Luanda o Consulado norte-americano foi cercado e os missionários americanos presos e expulsos e a “Firma Salvage and Lee” fez a conquista da opinião pública americana com saldo positivo na conquista da elite politica americana, convencendo o Congresso e a imprensa americana do carácter comunista do movimento anti-colonialista e dos seus apoiantes nos EUA e procedeu-se a reforma do sistema ultramarino com nomeação do Ministro do Ultramar, Adriano Moreira, em Agosto de 1961, que também foi apresentado a Embaixada americana, como esforço, de modernização administrativa e da situação social e legal, das populações ultramarinas.

Em Angola e em Moçambique Portugal aguentou-se na década de 1964 no campo militar e ao mesmo tempo os indicadores económicos nacionais tinham um crescimento acelerado e acompanhavam a restante Europa do sul, com integração na EFTA, abertura ao investimento estrangeiro da metrópole e do ultramar, turismo, embora que a emigração de mão-de-obra para a Europa continuou.  Salazar apoiou a Rodésia e votou contra as sanções na ONU e reforçou contactos com a África do Sul, mas não concordando com o sistema de apartheid e ao mesmo tempo que reforçava diplomacia com estes países, desenvolvia estratégia militar de ataque a santuários de guerrilha nos países vizinhos..

Os países nórdicos, Dinamarca, Noruega, Holanda e Canadá, os mais críticos da política portuguesa e a própria Alemanha.

Nos anos 70 a ONU radicalizou as suas posições com críticas a Portugal, mas com abstenção dos EUA, França e Inglaterra e a delegação americana mostrou-se passiva perante a invasão da Guiné por um comando português em 1970.

Em 1970 Portugal dispendia 45% do orçamento em defesa e segurança, com uma força militar de 140 000 homens, e Nixon encerrou contactos com os movimentos de libertação e o investimento norte-americano no ultramar, sobretudo Angola, com a descoberta de petróleo em Cabinda, aumentou, assim Portugal era uma aliado da OTAN defendendo o ocidente e os seus flancos africanos e Portugal em 12/1971 acordou a cedência da base dos Açores até Fevereiro de 1974, em troca de apoio financeiro de 436 milhões de dólares.

Quando em 3/1972 o PAIG abateu aviões portugueses com mísseis SAM-7 soviéticos, paralisando a aviação portuguesa na Guiné, Portugal pressionou os EUA, quando da renovação do acordo de base de Lajes, rejeitando o primeiro pedido para utilização dos Açores quando países europeus recusavam aterragem dos aviões norte-americanos para reabastecimento para apoio de emergência a Israel, em guerra contra os países árabes. No entanto Portugal tentou obter aviões e mísseis como condição prévia para cedência dos Açores, mas Kissinger rejeitou o pedido português,  e Marcelo Caetano dado o agravamento da situação militar na Guiné, reinicou contactos com o PAIGC, mas depois interrompeu porque o pedido dos mísseis fora aceite e seriam entregues na RFA em finais de Abril de 1974.

Portugal em 1974 dispunha 220 000 homens espalhados nas 3 frentes de operações, Angola, Moçambique e Guiné, sendo 170 000 exército, 13 000 marinhwerios e 17 000 força aérea, dos quais 65 000 estavam em Angola, 51 00 em Moçambique e 32 000 em Guiné. Teve que enfrentar a guerrilha no ultramar desde 1961 até 25 de Abril de 1974, treze anos de luta armada, em que foram mobilizados 145 000 militares, sendo naturais mobilizados volta de 60% de cada território ultramarino, tendo resultado mortos 3 265 em combate e  3 075 em acidentes, num total de 6 340 mortos, e feridos em combate 12 878 e outro feridos 15 041, num total de 27 919, mas as forças portuguesas mantiveram o controlo e a vida económica e social não foi afectada. Devido as despesas militares nas 4 frentes, metrópole, África e Ásia, abrandou o ritmo de crescimento económico. Em 1974 as tropas de origem africana eram mais numerosas do que as de origem metropolitana.

A guerra do ultramar foi uma guerra construtiva para transformar as províncias de Angola e Moçambique em Estados Ultramarinos, dotando-os de uma cúpula administrativa criando todos os serviços próprios dum governo autónomo, com o crescimento de representatividade na Assembleia Legislativa, órgão paraministerial, como, o ensino superior, a africanização do exército, protecção dos trabalhadores, através do Instituto de Trabalho, irradicação das doenças tradicionais na África e os grandes projectos como de algodão em Moçambique, do vale de Limpopo entre outros e Cabora Bassa. Esta evolução económica e social criou nova riqueza, e participação equitativa, e introduziu o conceito de multiracialidade e multicontinentalidade.

Enquanto no Ultramar havia a guerrilha, na Metrópole havia a oposição armada, ARA, LUAR, BR, movimentos estudantis radicalizados, vigílias de grupos católicos (Capela do Rato), manifestações contra os embarques de tropas, os refractários e desertores compelidos, o regime divide-se em “Ultras”: a pátria não se discute, era a ala integracionista e em ala liberal: estrutura federalista de burgesia liberal, sobretudo a partir de 1969, mas Marcelo luta por uma autonomia progressiva com base num Estado Centralista.

Surge o movimento dos capitães por razões profissionais mas que assume cariz político, hostil ao regime de Marcelo Caetano, no dia 16 de Março de 1974, movimento que é aproveitado pela oposição clandestina para ocupar posições chave após o 25 de Abril de 1974.

Procurar no site

© 2010 Todos os direitos reservados.