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                                                   IV DINASTIA DE BRAGANÇA

 

D. JOÃO IV, 1640-1656, O RESTAURADOR

Casou em 1633 com D. Luísa de Gusmão, espanhola, 1º Rei da Dinastia de Bragança e 8º Duque de Bragança, aderiu ao movimento revolucionário de 1º de Dezembro de 1640 e no dia 15 foi solenemente aplaudido, como rei, dando início à guerra de restauração. Entretanto preparou o país ao eventual ataque espanhol e procurou o reconhecimento pelos países europeus da Coroa de Portugal e fez pazes com os países que estavam em conflito com a Espanha, mas a Ceuta não reconheceu Portugal independente e mais tarde foi reconhecida como território espanhol com o Tratado de Paz de 1668.

Os holandeses só assinaram o Tratado de Paz com Portugal em 1661, para não prejudicar a sua política de conquista na Ásia e no Atlântico. Portugal perdeu nesse período Malaca em 1641, Ceilão em 1644 e 1656, Coulão em 1658, Negapatão em 1660. Ao mesmo tempo os árabes com a ajuda dos ingleses e dos holandeses expulsaram Portugal da Arábia e do Golfo Pérsico em 1650. No Atlântico os holandeses ocuparam Luanda e S.Tomé em 1641, mas as forças vindas do Brasil expulsaram os holandeses em 1644 de Luanda e de S. Tomé em 1648.

A Inglaterra encontrava-se com problemas internos e Portugal defendeu os realistas dando-se a vitória de Cromwell e entre 1650 e 1654 guerra entre os dois países, mas Portugal teve que assinar o Tratado de Paz e abrir o império ao tráfico inglês.

 

D. AFONSO VI, 1656-1683, O VITORIOSO

Filho de D. João IV e de D. Luísa de Gusmão, na infância teve febre maligna com sequelas no sistema nervosos central. Após a morte de D. João IV em 1656 D. Luísa de Gusmão tornou-se regente, assegurou a defesa a quando da batalha das Linhas de Elvas e pouco depois renovou a aliança com a Inglaterra, mas os partidários de D. Afonso VI, chefiados pelo 3º Conde de Castelo Melhor – D. Luís de Vasconcelos e Sousa, através duma conjura palaciana, afastaram D. Luísa de Gusmão em 1662 e formaram novo governo  presidido por D. Luís de Vasconcelos e Sousa, 3º conde de Castelo Melhor, período em que houve as grandes vitórias de Ameixal, Montes Claros, Castelo Rodrigo e o Castelo Melhor, e com o apoio de Luís XIV de França casaram o rei com D. Maria Francisca Isabel de Sabóia em 1666, mas no ano seguinte a rainha pediu divórcio e em Setembro de 1667 deram o golpe de estado e afastaram o Conde de Castelo Melhor e o seu ministro, António de Sousa Macedo. D. Afonso VI foi obrigado a renunciar ao trono, e  foi deportado para Angra do Heroísmo, onde ficou até 1674 e depois é encerrado no Paço de Sintra, onde morre em 1683

Em 1661 Bombaim e Tânger foram cedidos a Inglaterra como dote de casamento da Infanta D. Catarina com D. Carlos II de Inglaterra, realizado em 1660

 

D. PEDRO II, 1683-1706, O PACÍFICO

Filho de D. João IV e de D. Luísa de Gusmão, irmão de D. Afonso VI, casou com D. Maria Francisca Isabel de Sabóia, após a anulação do casamento desta com o seu irmão D. Afonso VI, mas viúvo em 1687 casou com D. Maria Sofia de Neurburgo, do qual nasceu o filho D. João V,  foi jurado herdeiro pelas cortes e aclamado rei em 1668, após a morte de D. Afonso VI.

Assinou o Tratado de Paz com a Espanha em 1668, pondo fim a longas guerras de restauração e reconhecendo Ceuta como território espanhol, por isso o chamaram de Pacífico, mas envolveu Portugal em conflitos com a pretensão da coroa espanhola.

A nível económico incrementou manufacturas, levadas a cabo pelo Conde de Ericeira – D. Luís de Menezes, defensor das ideias mercantilistas, introduzidas em Portugal por Duarte Ribeiro de Macedo e em 1703 assinou o Tratado de Methween, pelo qual os lanifícios ingleses podiam entrar em Portugal livremente e os vinhos portugueses em Inglaterra, com uma taxa inferior à estipulada para vinhos de outros países.

 

D. JOÃO V, 1706 –1750, O MAGNÂNIMO

Filho de D. Pedro II e de D. Maria Sofia de Neurburgo, casou com D. Maria Ana da Áustria em 1708, teve 6 filhos, subiu ao trono em 1 de Janeiro de 1701, quando estava em curso a Guerra de Sucessão de Espanha, em que as forças portuguesas vitoriosas entraram em Madrid. Com o Tratado de Utreque a Espanha reconheceu o domínio português sobre Amazonas e restituiu a colónia de Sacramento. A aliança com a Inglaterra sai reforçada. A disputa com a Santa Sé, 1728-32 teve êxito obtendo os reis de Portugal o título de Fidelíssimo.

Recebeu as riquezas de exploração das minas de ouro do Brasil com que fez as obras sumptuosas, como o Palácio e Mosteiro de Mafra, Capela de S. João Baptista na Igreja de S. Roque, e construção do Aqueduto das Águas Livres, imitando o Rei Luís XIV da França.

No Brasil intensificou o povoamento e a económica com produção de açúcar e formou quadros administrativos locais. Em Portugal incrementou algumas indústrias, fez valorização cultural, impulsionou a engenharia e cartografia e criou a Real Academia de História em 1772. Teve colaboração de diplomatas como Alexandre de Gusmão e de D. Luís de Cunha.

Teve certo comportamento libertino, caso de Madre Paula e outras deixando vários bastardos entre os quais os três Meninos de Palhavã. Tratado de Madrid 1750 – após a guerra de restauração no território peninsular as rivalidades deslocaram-se para a América do sul, Brasil, onde Portugal cede à Espanha a colónia de Sacramento da margem esquerda do Rio Prata, que rivalizava com a colónia espanhola de Buenos Aires e em troca a Espanha cedeu as Sete Missões de Uruguai – tratado elaborado pelo ministro de D. João V, Alexandre Gusmão – tratado de Limites.

 

 D. JOSÉ I, 1750-1777, O REFORMADOR

Governou de 1750-1777 com o seu ministro, Marques de Pombal – Sebastião José de Carvalho e Melo, casou com D. Mariana Vitória de Áustria, como monarca absolutista, de direito divino, todos os poderes se encontravam nominalmente no Rei e delegados nos diversos órgãos da hierarquia político administrativa do Estado, mas na prática o poder concentrou-se no seu ministro, Marques de Pombal.

O Rei dedicou-se a caça, touradas e carpintaria e envolveu-se com uma jovem Marquesa de Távora, o que lhe ia causando a vida no célebre atentado da noite de 3 de Setembro de 1758, daí resultando a feroz perseguição aos Távoras.

Na falta de um filho varão, pretendeu impor o seu neto D. José, príncipe de Beira, filho primogénito da futura Rainha D. Maria I e de D. Pedro, e Pombal pretendia que o sucedesse directamente ao seu avô, D. José, invocando a Lei sálica, que excluía as mulheres de sucessão, mas o projecto, sendo revelado à rainha, gorou-se com a sua oposição e de certos sectores da corte e do monarca espanhol. O Ministro José de Seabra que revelou a D. Maria as intenções do Marquês foi deportado a Angola, mas o neto José morreu de varíola, permitindo ao futuro D. João VI o acesso ao trono.

Tratado de Limites, assinado no tempo de D. João V foi anulado em 1761, devido a recusa portuguesa em aderir ao Pacto de Família, e os 2 vizinhos entram em guerra 1762 e a Espanha conquistou algumas praças portuguesas e a colónia de Sacramento, mas derrotado o bloco franco-espanhol o Tratado de Paris 1763 obrigou a Espanha a restitui-los.

O governo pombalino abandonou Mazagão, quando um poderoso exército marroquino a cercou em 1769, e os seus habitantes foram transferidos para Portugal e depois para o Brasil, onde fundaram a Vila Nova de Mazagão.

 

D. PEDRO III, 1760 – 1786

       (REI CONSORTE)

Filho de D. João V e de D. Maria Ana de Áustria. Em 1760 casou com a sobrinha e princesa do Brasil, D. Maria, depois D. Maria I, com quem viveu fora da corte de D. José, no Palácio de Queluz, que mandou construir e com a subida da D. Maria I ao trono em 1777 empenhou-se na reabilitação dos adversários de Pombal e dos Padres da Companhia de Jesus.

 

D. MARIA I, 1777-1816, A PIEDOSA

D. Maria Francisca Isabel Josefa Antónia Gertrudes Rita Joana, filha de D. José e de D. Mariana Vitória de Áustria, casou com o tio, o príncipe D. Pedro, em 1760.Subiu ao trono com a morte de D. José em 1777 e reinou até 1792, já viúva, quando a sua demência deu lugar ao governo do príncipe D. João VI em 1786, mas que assumiu a regência só em 1788. Foi princesa da Beira e do Brasil.

Com a sua subida ao trono demitiu o Marques de Pombal e formou um novo gabinete. Reabilitou a nobreza e concedeu-lhes comendas, títulos, graças e mercês. Igualmente reabilitou as ordens religiosas e introduziu novas ordens e institutos religiosos. Reatou as relações com a Santa Sé interrompidas em 1759.

Assinou o Tratado de S. Ildefonso em 1777 e o Tratado de Pardo em 1778 com a Espanha delimitando as fronteiras na América Latina. Assumiu neutralidade quando da guerra da independência dos EUA, mas reconhecer a independência dos EUA em 1783.

Reformulou a legislação civil e criminal, extinguiu a Mesa Censória em 1787 e criou no seu lugar Real Mesa da Comissão Geral sobre o Exame e Censura dos Livros, a Academia Real das Ciências em 1782, Academia Real das Fortificações, Artilharia e Desenho em 1790, Companhia dos Guardas-Marinhas em 1782, Aula Pública de Debuxo e Desenho em 1781, Casa Pia de Lisboa em 1780 com objetivos culturais e assistência social. Restabeleceu a Relação em Goa em 1778. Em 1778 aboliu a Companhia de Grão Pará e Maranhão e em 1780 de Pernambuco e Paraíba, mas manteve a Companhia dos Vinhos do Alto Douro até 1866 e entregou aos particulares as empresas industriais com privilégios. Dotou com o serviço de iluminação a cidade Lisboa 1780 e 1792, melhorou as estradas, construiu o Teatro de S. Carlos em Lisboa e no Porto o Teatro de S. João e o Hospital de S. António.

Guerra das Laranjas - Em 1801, com o imperialismo napoleónico, França e Espanha assinaram um tratado segundo o qual Portugal devia abandonar a aliança inglesa, abrir os portos aos navios franceses e espanhóis e fechá-los à Inglaterra, entregar à Espanha uma ou mais províncias ultramarinas para garantir a devolução de Trindade, Mahón e Malta, e indemnizar a Espanha e a França pelas despesas da guerra e a rever os limites com a Espanha e no caso da resposta negativa, Portugal seria invadido e, sendo conquistado, a Espanha ficaria com a obrigação de cumprir as clausulas impostas a Portugal. Perante este ultimato pediu-se ajuda inglesa, que foi recusada, mas apesar disso o ultimato foi rejeitado, tendo em consideração a posição dúbia do rei de Espanha. Face a recusa a invasão iniciou-se em 20 de Maio de 1801 e entregaram-lhes as praças de Olivença e Juromenha e depois de combates mal sucedidos as tropas portuguesas deixaram todo o Alentejo nas mãos do exército espanhol. Nas conversações de paz a única cedência foi Olivença. Mas nos preliminares de paz que a França e a Inglaterra em 1801 garantiram a sua devolução, mas Olivença voltou a ser ocupada pelos franceses durante a 3ª invasão e o exército anglo-luso conquistou-a em 1811 e Beresford entregou-a de novo a Espanha, mas Portugal nunca lhes reconheceu o direito e no Tratado de Viena de 1814 foi expressamente mencionada a obrigação da sua devolução. Em 1802 Portugal e a França restabeleceram as relações de paz e é contra esta atitude que em Julho de 1803 dão-se os “Motins de Campo de Ourique” em que Gomes Freire de Andrade foi morto.

Em 1803 reacendeu-se a guerra entre a Inglaterra e a França, e a Inglaterra fez a ocupação da Ilha de Madeira e da Cidade de Goa como pretexto de proteger essas posições duma possível invasão francesa, apesar disso o governo português invocou a neutralidade e proibiu os navios ingleses que faziam parte da guerra de corso de utilizarem os portos portugueses, assim Portugal mantinha ao mesmo tempo a aliança com a Inglaterra e a paz com a França. Entretanto aumentava em Portugal o peso do partido favorável à França pós-revolucionária, como uma poderosa potência militar e cuja hegemonia era reconhecida por todas as nações, mas não tinha meios navais para impor a sua ordem a Inglaterra ou invadir a Grã-Bretanha. A França para superar esta falha aliou-se a Espanha possuidora duma poderosa esquadra, mas na batalha naval do cabo de Trafalgar em 21 de Outubro de 1805 as armadas francesa e espanhola, apesar de superiores à inglesa, foram quase completamente destruídas e nesta guerra os navios ingleses que bloqueavam o Mediterrâneo com o Atlântico utilizaram os portos portugueses como bases, com consentimento português, apesar da neutralidade e a esquadra portuguesa dos mares do Algarve deu apoio aos navios ingleses. Em Agosto de 1806 uma poderosa esquadra e algumas naus de guerra entraram no Tejo  e ofereceram ajuda militar e financeira a Portugal numa guerra com a França, mas Portugal não aceitou e argumentou que esta atitude prejudicou o comércio e as relações diplomáticas com a França e Espanha e em 21 de Novembro de 1806 França considerou as Ilhas Britânicas em “estado de bloqueio”, ao qual Inglaterra reagiu com o “bloqueio continental”.

O domino dos portos portugueses era necessário para ambas as potências, Inglaterra e França,  e após os Tratados Secretos de Tilsit de 1807 a França e a Espanha solicitaram a adesão de Portugal ao bloqueio das Ilhas Británicas, fechar os portos a navegação britânica, declarar a guerra a Inglaterra, sequestrar os bens dos ingleses e deter todos os cidadãos ingleses em Portugal e foi intimado a dar resposta até ao dia 1/9/1807 e ao mesmo tempo apresaram os navios portugueses de comércio colonial e os navios de manufacturas inglesas que se encontravam nos portos de Nantes, Baiona, Antuérpia, Cherburgo, Caen, etc. O Conselho de Estado reunido em Agosto de 1807 aprovou a favor do bloqueio continental contra a posição do partido do D. Rodrigo de Sousa Coutinho que defendia a guerra contra a França e a Espanha e formulou a ideia de transferir a Corte Real para o Brasil, caso Portugal fosse vencido, formaram assim 2 partidos: francês e inglês, e ao mesmo tempo solicitou à Inglaterra a realização de hostilidades fictícias. A Inglaterra defendeu a transferência e ofereceu a sua esquadra, numa convenção secreta em Londres, 22/10/1807, ratificada em Lisboa em 8/11/1807. D. João VI, príncipe, para manter o equilíbrio entre os 2 partidos fechou os portos aos ingleses e deu ao mesmo tempo a ordem para a organização da esquadra.

Entretanto Napoleão decidiu dividir Portugal entre a França e a Espanha – Tratado de Fontainebleau em 27 11 1807: Lusitânia entre Douro e Minho com capital no Porto seria entregue ao Rei de Etrúria, o Centro continuaria a pertencer à Casa de Bragança, sob domínio espanhol, e Algarves (Alentejo e Algarve) seria entregue a Godoy ministro todo poderoso do Rei de Espanha, Carlos IV, que seria também protector do reino de Lusitânia e imperador das duas Américas. Mas Napoleão pretendia somente a entrada das forças francesas na Espanha, cuja ocupação era do interesse da França.

1ª Invasão - Em 23/11/1807 o príncipe recebe a notícia da prisão em Espanha do príncipe herdeiro e da invasão de Portugal pelas tropas espanholas e francesas sob comando de Junot, pelo que reúne o Conselho de Estado que decidiu pelo embarque da Família Real ao Brasil, juntamente com a Corte, bem como com todas as pessoas que, sem obrigação oficial, quisessem sair e em 26/11/1807 foi nomeada uma Junta Governativa, com ordens, também transmitidas aos governadores, para manterem a paz no reino “quanto possível” e receberem bem as tropas invasoras e a esquadra real partiu de Lisboa, Belém, em 29/11/1807, com 15 000 pessoas ao todo, e além das naus e fragatas de guerra, partiram também 20 navios mercantes para transporte das pessoas, por outro lado 2 000 refugiados dirigiram-se aos portos ingleses também com destino ao Brasil.

Napoleão passou a fronteira franco-espanhola em 8/10/1807 e em 18/11/1807 as forças franco-espanholas invadiram Portugal pela fronteira de Beira Baixa e Junot entrou em Lisboa no dia 30/11/1807 com um exército de 26 000 homens tendo a sua frente um destacamento de cavalaria portuguêsa que se rendera e pusera as ordens de Junot. As forças napoleónicas foram recebidos   pela Junta da Regência e pela Maçonaria, sem resistência, mas apesar disso, Junot impôs pesadas indemnizações de guerra, apreendeu todos os bens dos que partiram para o Brasil, bem como prata da igrejas para enviar para a França e tomou medidas defensivas no litoral contra eventual desembarque dos navios de guerra britânicos existentes ao longo da costa portuguesa bem à vista das povoações, anunciou uma era de liberdade e de progresso, prometeu a abertura de estradas e canais, administração eficaz, saneamento financeiro, asilos para os pobres, escolas para o povo e foi hasteada a bandeia francesa e depois foram para um banquete. Mas a agitação espalhou-se pela cidade, homens, mulheres, crianças, gritavam “Viva Portugal, vivam as 5 chagas, morra a França” e os franceses dispararam.

A Junta de Regência foi conservada nas suas funções, mas assistida por um comissário francês, no entanto Napoleão decidiu alterar os planos, uma vez neutralizado militarmente o território português, decretando medidas de anexação politica das nações peninsulares e em 1/2/1808 por um decreto passou o governo a um general comandante do exercito francês como representante do imperador e o Conselho de Regência foi extinto e substituído por um Conselho do Governo, formado pelos membros de Regência, mas presidido pelo Junot e para administração local optou por um sistema centralizador com um governador de província com o título de corregedor-mor, ocupado por um  francês, e o que restou do exército português 9 000 homens foi formado um corpo, posteriormente reforçado com novas incorporações, designado  “Legião Portuguesa” e foram incorporados no exército francês e enviados para a invasão da Rússia e substituiu o Rei Carlos IV, obrigando-o a ceder os seus direitos ao seu irmão, José Bonaparte. Enquanto o partido francesista dividia-se em facções rivais, surgiu a revolta em Madrid, 2/5/1808, reprimida com grande dureza, pelas tropas francesas, enquanto os espanhóis afrancesados tomavam a conta do poder – todo o país se levantou em armas e organizou-se em Juntas do Governo nas províncias, como Galiza, e o general espanhol que comandava as forças de ocupação do Porto aderiu a revolta e deixou o Porto, mas em Lisboa os regimentos espanhóis foram reunidos no Terreiro de Paço com a promessa de repatriamento por navios, mas as tropas francesas que se encontravam escondidas nas arcadas os aprisionaram, bem como as guarnições espanholas de Santarém, Mafra e Estremadura. A revolta contra os franceses espalhou-se pelo país, Porto, Bragança, Chaves, Melgaço, Arcos de Valdevez, Viseu..Alentejo e Algarve, excepto Lisboa permaneceu calma porque aí encontrava-se o grosso da tropas francesa e o Junot.

Em apoio dos revoltosos ibéricos, uma força expedicionária inglêsa comandada por Welleslley atracou Corunha, mas não foi bem recebida, e dirigiu-se ao Porto  e desembarcaram em 1/8/1808 na Foz do Mondego em Lavos e daqui o exército inglês com as forças portuguesas solidárias passaram Leiria, Caldas de Rainha, em direcção a Lisboa, mas na Roliça foram abordadas pelos franceses. Mas, obrigados a retirada foram juntar-se a tropa francesa em Torres Vedras e em 21/8/1808 dois dias depois do combate de Roliça os 2 exércitos defrontaram-se em Vimieiro. Os franceses vencidos retiraram-se para Torres Vedras. O exercito inglês tinha apoio da sua esquadra sitiado no litoral, garantindo o seu reabastecimento, enquanto as tropas francesas não tinham apoio nem por terra nem por mar, face ao bloqueio inglês e a insurreição espanhola.

Junot propôs acordo aos ingleses: armistício, cessação de guerra e regresso do exército francês nos navios ingleses, em contrapartida os ingleses exigiram a entrega dos navios da esquadra russa fundeada no Tejo e o acordo foi assinado em 30/8/1808 – É a Convenção de Sintra e os franceses foram autorizados a levar consigo armas, bagagens e propriedade particular, incluindo os produtos de saque. Em Lisboa a Junta da Regência reassumiu as funções.

2ª - invasão - Em Espanha a sublevação continuou, mas os ingleses idos de Portugal foram obrigados a refugiarem-se na sua esquadra no porto de Corunha por General Soult que depois atravessou a Galiza até ao Rio Minho e entrou em Portugal por Chaves e tomou Porto em 29/3/1809. Com o medo das baionetas e do fogo dos canhões franceses, a multidão, homens, mulheres e crianças, ao fugirem  da cidade pela Ponte de Barcas, que ligava ambas as margens do Rio Douro, no cais da Ribeira, as barcas cederam-se e 4 000 habitantes da cidade morreram afogados. O quadro alusivo ao acontecimento foi colocado depois no sítio onde estivera a ponte, e tornou-se local de romaria popular. Aí eram deixadas velas e dinheiro pelas alminhas – as "Alminhas da Ponte”, agora assinaladas na Ribeira por uma placa evocativa de Teixeira Lopes que continua a ser local de devoção. Quanto ao quadro, pintado depois a óleo, ficou à guarda da capela das Almas (ou das Taipas), na Cordoaria, que passou também a assegurar a gestão do dinheiro deixado nas Alminhas.

A ponte das barcas era um projecto de engenharia de Carlos Amarante, constituída por vinte barcaças ligadas por cabos de aço e, na altura, era a única que permitia atravessar o rio. Em sua substituição em 1843 foi inaugurada a nova ponte pênsil. Pontes semelhantes – assentes em barcas – têm sido utilizadas ao longo da história, devido à sua rapidez de construção, muitas vezes para permitir a passagem de tropas. A do Porto foi a primeira ponte deste género construída em Portugal como solução a mais longo prazo, e podia ser aberta para permitir a passagem do tráfego fluvial. Carlos Amarante também foi autor de outras obras célebres da região norte do país, como o Bom Jesus e a igreja do Pópulo, em Braga; a Igreja da Trindade, no Porto; e a reconstrução das muralhas de Valença. 

Enquanto Soult estava ocupado com o Porto,  o General Silveira, mais tarde Conde de Amarante, reconquistou Chaves e de Coimbra o Batalhão Académico avançou para o norte para dificultar o avanço francês e de Inglaterra chegaram em princípios de Maio 25 000 homens, comandados pelos  generais Welleslley e Beresford e desembarcaram no Porto obrigando Soult a retirada.

E os militares ingleses controlaram a administração portuguesa, mas as dificuldades económicas agravaram-se e já não havia recursos para pagar as despesas militares e a Inglaterra assumiu pagar 1/3 das despesas e em troca Welleslley se tornou membro da Junta de Regência e o descontentamento aumentou e em reacção surgiu o movimento liberal para reunir as cortes para elaborarem uma constituição, mas do Rio de Janeiro aconselharam evitar esta solução o que foi reforçado com o apoio das forças militares ingleses.

3ª - invasão – Napoleão tentou de novo expulsar os ingleses e na primavera de 1810 o exercito francês sob comando de Massena entrou pela fronteira da Beira e dirigiu-se para Lisboa, mas em Coimbra o exercito inglês, na zona de Serra de Buçaco, atacou-os, mas apesar de terem muitas baixas, entraram em Coimbra, mas o seu avanço foi detido nas linhas de Torres Vedras e Massena com as suas tropas, em número insuficiente, retiraram-se de Portugal em Abril de 1811 e foram perseguidos pelo exercito inglês e a guerra continuou em território espanhol até 1814.

Esta guerra peninsular para liderar a hegemonia na Europa entre Inglaterra e a França causou estagnação económica e Lisboa e Porto encheram-se de multidão de refugiados de campos e morreram mais de 100 000 civis nos combates, chacinas de represália e de fome, os ingleses impuseram a sua autoridade e todas as receitas dos impostos eram canalizado para a defesa, enquanto em Inglaterra e em França o desenvolvimento continuou.

Mas mesmo durante o domínio francês o negócio de exportação de vinho do Porto para Inglaterra continuou e o seu transporte era feito em navios portugueses que arvoravam a bandeira de Knifausen, a qual não se encontrava na lista das bandeiras proibidas tanto dum lado como do outro e Junot recebia 6 400 réis por cada barril e os ingleses deixavam passar e assim saíram 30 000 barris, mas muitas fábricas foram desmanteladas.

A Família Real Portuguesa com a corte no total 15 000 pessoas chegou a Baía em 18/1/1808 mas desembarcou no dia 24/1/1808 e em S. Salvador foi assinado o decreto de abertura dos portos às Nações Amigas, depois seguiu a esquadra ao Rio de Janeiro onde chegou no dia 8/3/1808 e foi declarada guerra a França e ocupada a Guiana Francesa em 1809 e foi suspenso o alvará de 1785 que proibia a criação das industrias no Brasil permitindo a instalação em 1811 de 2 fábricas de ferro em S. Paulo e nas Minas Gerais, mas os produtos ingleses além de serem bons tinham preços acessíveis, o que contrariava o seu desenvolvimento e foram assinados tratados de 1810: Tratado de Aliança e Amizade e o Tratado de Comércio e Navegação e foi concedido aos produtos ingleses uma tarifa especial de 15%, enquanto os artigos vindos de Portugal 16% e de outros países amigos 24%, e foi extinto o Acto Colonial e foram fundados: 1º Banco do Brasil em 1808, Imprensa Régia, Tipografia e Jornais, Academia Militar, 2 Escolas de Medicina, Fábricas de Pólvora e Industrias de Ferro, a Missão Artística Francesa em 1816, Academia das Belas-Artes, e as Capitanias foram transformadas em Províncias, 1821, criada a Biblioteca Real em 1810, Jardim Botânico 1811 e Museu Real/Museu Nacional em 1818.

O plano de transferência da Família Real para o Brasil tinha sido delineado quando da crise de sucessão de 1580 e desde então tem sido defendido após a restauração da independência em 1640 pelo Padre António Vieira e mesmo sem a ameaça militar iminente o diplomata D. Luís de Cunha defendeu a ideia da transferência da monarquia portuguesa. Marquês de Pombal também ordenara os preparativos para aprontar uma esquadra a fim de transportar o Rei D. José, a Família Real e a Corte. Esta ideia foi posta em prática quando da invasão de Portugal por tropas francesas e espanholas.

 

 

D. JOÃO VI, 1816-1826, O CLEMENTE

 

D. João VI, filho da rainha D. Maria I e do Rei Consorte D. Pedro III, casou com D. Carlota Joaquina, e por morte do seu irmão mais velho, D. José, em 1788, tornou-se herdeiro da Coroa e com a demência da sua mãe em 1799 assumiu a regência e depois com a morte desta em 1816, tornou-se rei e imperador do Brasil.

Teve que combater a ideologia liberal e os agentes da revolução francesa, sendo seu instrumento de combate Pina Manique, intendente de Polícia.

 

D. PEDRO IV, 1826-1828

       (O REI SOLDADO)

Filho de D. João VI e de D. Carlota Joaquina, em Dezembro de 1807 vai com a corte para o Brasil, e após a morte de D. Maria I, em 1816, com a entronização do seu pai D. João VI torna-se herdeiro e em 1818 casa com a arquiduquesa Leopoldina, filha do imperador da Áustria, mas viúvo casa de novo em 1829 com D. Amélia de Beauharnais e é nomeado regente do Brasil em Abril de 1821 com o regresso de D. João VI a Portugal e face as pressões da nova autoridade constitucional encabeça a revolta da independência e em 07Set1822 junto do Rio Ipiranga declarou Brasil independente e foi proclamado imperador e em 1826 com a morte de D. João VI tornou-se herdeiro de Portugal e outorgou a Carta Constitucional, um instrumento moderador entre sectores liberais e conservadores, e abdicou a Coroa na sua filha D. Maria da Gloria, nascida em 1819, com a condição de seu irmão D. Miguel com ela casar, o que sucedeu por procuração em 1826 aceitando este jurar a Carta Constitucional, ainda na Áustria, para onde viajou a D. Maria, mas D. Miguel ( REI ABSOLUTO 1828-1834 ) regressara a Portugal e fizera aclamar Rei Absoluto em 1828, assim rompido o acordo esta acaba por andar entre Inglaterra e França e regressa ao Brasil em 1829, a restauração da monarquia absoluta com D. Miguel e perseguição aos liberais fez formar resistência no Porto 1828 e criou-se no Porto uma Junta do Governo que tiveram apoio dos refugiados liberais em Inglaterra e cerca de 29 emigrados, incluindo Saldanha, os condes de Taipa e de Vila Flor (futuro duque de Terceira) no barco Belfast – Belfastada vieram de Inglaterra desembarcaram em Matosinhos e foram recebidos no Porto com aclamação, mas entre os liberais surgiram 2 facções – a facção moderada de Palmela e a facção avançada de Saldanha e a revolução foi abafada e os emigrados regressaram a Inglaterra e os revoltos retiraram-se cerca de 6 000 pessoas a Galiza e destes 3 000 depois embarcaram para Inglaterra e os minguelistas comandados por Povoas entraram no Porto a 3 de Julho e exerceram sangrentas represálias.

D. Pedro IV, preso entre os problemas no Brasil e em Portugal, em Abril 1831 abdicou o trono do Brasil no seu filho D. Pedro nascido em 1825, partiu como simples duque de Bragança para Europa encabeçar a luta contra o irmão, pelo trono de D. Maria II, e com apoios financeiros estrangeiros organizou uma expedição e desembarcou nos Açores em 22 Fevereiro 1832, assumiu a regência de Portugal e desembarcou em Pampelido em Julho 1832, participou na guerra até 1834 e morreu no Palácio de Queluz onde nascera.

D. Maria chegou a Lisboa em 22 Setembro de 1833 e foi proclamada rainha em 1834, ano em que se deu o fim da guerra e a morte do seu pai, com a vitória dos liberais com a Convenção de Évora Monte em 1834.

 

D. MARIA II, 1834-1853

     (A EDUCADORA)

 

Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisco Xavier de Paula Isidora Micaela Rafaela Gonzaga, filha de D. Pedro IV e de Leopoldina, casou em 1835 com o príncipe Augusto de Leuchtenberg, que morre no ano seguinte e em 1836 desposou D. Fernando de Saxe Coburgo-Gota.

Enfrenta em 1836 o setembrismo abalando a sua autoridade e dá-se a conspiração – Belenzada – contra-revolucionária para restabelecer a Carta Constitucional substituída pelo Setembrismo 9/9/1836 e pela constituição de 1822, este movimento cartista era apoiado pelo marido da rainha, Fernando de Saxe-Coburgo-Gota com apoio de Inglaterra e o governo fez saber em 2/11/1836 a D. Maria II se recolhesse a esquadra inglesa perderia o trono e a 3/11/1836 a rainha foi a Belém e aceitou a demissão do governo, forças de Sá da Bandeira com Guarda Nacional com apoio da população descontente preparava-se para avançar sobre Belém e foi detido por Passos Manuel que começou as negociações com a rainha, cartistas e vintistas cederam-se: gizaram medidas de fomento económico e laboral e assentou-se na convocação das cortes constituintes, que depois elaboraram a constituição de 1838, em 1837 o sector moderado faz a Revolta dos Marechais, que falha e é dada a nova constituição, mas a agitação e a instabilidade persistem, pelo que em Janeiro de 1842 dá-se novo golpe de estado com a conivência da rainha e Costa Cabral forma o governo, mas em 1846 surge a Revolução da  Maria de Fonte e uma nova guerra civil a Patuleia, causando a queda de Costa Cabral.

Com a vitoria do liberalismo contra o absolutismo saneou-se a administração publica e aboliram as instituições identificadas com o regime derrubado  e em 1834 após a Convenção de Évora Monte extinguiram as casa de ordens religiosas masculinas, conventos, mosteiros, colégios, hospícios, etc. e nacionalizaram todos os seus bens, excepto objectos sagrados de culto, para enfraquecer o absolutismo e alargar o apoio ao liberalismo dividindo os bens expropriados pelos cidadãos e pagar a divida publica vendendo os bens nacionalizados, seguindo o exemplo francês, e indemnizar os liberais com os bens dos miguelistas e seus apoiantes, pela perdas e danos com a sua fidelidade a causa liberal e assim foram extintas 448 casa religiosas, mas toleraram as ordens femininas e o clero secular, mas controlado e dependente do poder politico e muitos religiosos ficaram na miséria, bem como as freiras.

Com o setembrismo, além das unidades instaladas nas áreas de Lisboa e Porto, havia unidades dispersas em Portalegre, Torres Novas, Covilhã, Bragança, etc. em que Lisboa era grande centro industrial com fábricas de algodão e estamparia e Porto e Covilhã, com a Exposição Industrial de Londres de 1851 – no Crystal Palace, arquitectura de ferro devorado nos anos de 1930 pelo incêndio, Portugal aderiu ao movimento e esteve presente nas exposições universais ou internacionais de Paris, 1855, 1867 e 1879, Londres,1862, Viena 1873, Filadélfia 1876 e Rio de Janeiro 1879, e dentro do pais refere-se a exposição do Porto, 1861 e 1865, Lisboa 1863 e 1882, Coimbra 1869 e 1884 e Guimarães 1884.

Para a Exposição Internacional do Porto de 1865 construiu-se o Palácio de Cristal, demolido mais tarde na década de 1950, modelo de Crystal Palace londrino, com espaçosos salões e salas de concerto e um magnífico órgão no fundo da nave central e com lugares apropriados para galerias de pintura e gabinetes de leitura e salas para café e restaurantes de primeira e segunda classes e criaram escolas industriais e escolas de desenho industrial.

 

D. FERNANDO II, 1816 – 1885                                         

        (REI CONSORTE)

 

2ºmarido de D. Maria II, casado em 1836, é nomeado Marechal-General do exercito português e quando do nascimento do filho, D. Pedro V, 1837, assume o título do Rei, mas limitou-se a ser conselheiro da Rainha e mais tarde dos filhos, D. Pedro V e D. Luís I. Com a morte de D. Maria II assume a regência e em 1837 entrega o poder a D. Pedro V com a sua maioridade, mas torna a ocupar a regência quando do seu falecimento até ao regresso de D. Luís. D. Fernando comprou o Palácio de Pena, em Sintra, era artista, cantor, pintor desenhista e gravador.

 

 

D. PEDRO V, 1853-1861

    (O ESPERANÇOSO)

Filho da Rainha D. Maria II e do rei consorte D. Fernando II, por morte da sua mãe é proclamado rei aos 16 anos, ficando como regente seu pai até 1855, data em que completou 16 anos. Em 1858 casou com a princesa D. Estefânia, mas esta morre de difteria em 17 Julho de 1859 e o Rei também em 11 Nov 1861 aos 24 anos de idade e 6 anos de reinado, do mesmo mal também morreram seus irmãos D. Fernando e D. João, e sucedeu-lhe seu irmão D. Luís I

D. Pedro V teve boa formação cultural e foram seus amigos Alexandre Herculano.

No seu reinado houve o aprisionamento do navio Charles et Georges que fazia tráfico de escravos, questão do colonialismo britânico pelo dominio de África e com a Santa Sé.

Criou as instituições culturais como curso superior de letras em 1859, Escola Náutica e Observatório de Ajuda, etc. Era liberal visou o desenvolvimento do país, domínio da instrução pública, fomento das comunicações e transportes.

 

 D. LUÍS, 1861-1889

     (O POPULAR)

 

2º filho de D. Maria II e do rei consorte D. Fernando II, subiu ao trono em 1861 por morte do seu irmão D. Pedro V, prestou serviço na Marinha de Guerra e esteve nos portos do ultramar, em 1862 casou com D. Maria Pia de Sabóia, filha do Vítor Manuel II, rei de Piemonte e de Sardenha, Itália.

O governo de fusão de Joaquim António de Aguiar com Fontes Pereira de Melo promulgou a Lei em 10/6/1867 do Imposto de Consumo para obter crédito a fim de amortizar a dívida externa, mas, apesar das reclamações,  foi publicado no dia 7/12/1867 o regulamento de cobrança daquele imposto, para entrar em vigor no dia 1/1/1868 e os comerciantes deviam declarar na véspera todas as suas mercadorias sujeitas ao imposto, mas a Associação Comercial do Porto em assembleia magna, 31/12/1867, declarou não obedecer e ao movimento aderiram grande número de populares com manifestação na Praça D. Pedro IV fomentado pelo Clube Patriótico que funcionava no Café Águia de Ouro.

No dia 1/1/1868 sob a influência do Partido Reformista, houve manifestações e D. Luís colocou-se ao lado dos manifestantes que em Lisboa, Porto, Braga, Guimarães, Penafiel e Viana do Castelo se manifestavam contra, pelo que os ministros declararam-se demissionários e entre os dias 2 e 4/1/1868 formou-se novo governo presidido pelo Conde Ávila e o imposto foi abolido; este movimento com origem em Braga foi designado de Movimento Popular Janeirinha, que apoiado pelas forças militares do norte do país fez cair o ministério de Joaquim António de Aguiar e o marechal Duque de Saldanha em Maio de 1870 com uma insurreição militar obrigou o Rei a demitir o governo e o poder foi entregue do duque de Saldanha

Em 1876 foi fundado o Partido Progressista com a fusão dos partidos histórico e reformista, dando lugar a longa fase do rotativismo governativo entre aquele partido e o Regenerador e em todos estes episódios D. Luís foi moderador.

Também surgiu em 1865-66 a Questão Coimbrã, opondo-se a velha e a nova geração literária e em 1871 dá-se a suspensão pelo governo da Conferencia democráticas do Casino Lisbonense, em que usaram palavra Antero de Quental e Eça de Queirós.

Foi período das grandes obras públicas de fontismo, das explorações em África, e defesa dos interesses portugueses em África.

Dá-se a fundação do Partido Republicano, comemoração do tricentenário de morte de Luís de Camões.

Foi alvo de critica pela geração dos intelectuais e sobretudo pela geração de 1870.

 

 D. CARLOS, 1889-1908

     (O MARTIRIZADO)

 

Filho de D. Luís I e de D. Maria Pia de Sabóia, casou em 1886 com a princesa D. Amélia de Orleães, nascida em Inglaterra, que em 1905 fundou o Museu dos Coches, o Sanatório de Outão e Serviços de Assistência Antituberculose.

Começou a reinar em 1889. No seu reinado houve graves acontecimentos desacreditando a monarquia e valorizando o espírito republicano, quando na primavera de 1890 toda a Europa sofre de depressão económica e colapsos de mercados financeiros e em Portugal dá-se a bancarrota financeira em Maio de 1891, com falência de bancos e companhias, enquanto Portugal durante anos tinha pedidos empréstimos em Londres e Paris para construir caminhos de ferro e para pagar os gastos da governação não cobertos pelas receitas do Estado e muita das vezes um empréstimo cobria os juros dos empréstimo anteriores e em 1892 oficialmente se reconheceu que era impossível o seu pagamento.

Em 1890 o Ultimato Inglês exigiu a retirada de uma expedição militar no Chire, actual Malawi, para apoiar os indígenas protegidos pelos ingleses na África Oriental O Governo cedeu e um milhar de pessoas manifestaram-se contra o governo, que se demitiu e então surgiu o hino “A Portuguesa” da autoria de Alfredo Keil e Henrique Lopes de Mendonça, mais tarde adoptado como hino nacional pelo governo republicano, causando manifestações anti-britânicas pelo país todo e os republicanos reagiram com a revolução de 31 de Janeiro de 1891, que se gorou, e nas colónias as revoltas desencadearam campanhas militares de repressão e exploração, evidenciando Alves Roçada em Angola, Mouzinho de Albuquerque em Moçambique e o infante D. Afonso na Índia e Gago Coutinho, almirante, aviador, geógrafo e historiador, participou nas delimitações das fronteiras de alguns territórios, como Timor em 1898, Niassa em 1900, Congo em 1901, Zmabézia em 1904-5, S. Tomé em 1916 e em Moçambique elaborou a carta geográfica e foi presidente da Comissão de Cartografia e em Março de 1921 com Sacadura Cabral fez a 1ª viagem entre Lisboa e Funchal e em 1922 de Março a Junho a 1ª travessia aérea do Atlântico sul no hidroavião Lusitânia e inventou o sextante, especialmente construído para a viagem e o seu plano de volta ao mundo gorou-se com a morte de Sacadura Cabral em 1924.

O rotativismo, seja alternância dos partidos regenerador e progressista, caiu em descrédito e D. Carlos convidou João Franco formar governo em 1906, que esquecendo-se das promessas de liberdade de imprensa e descentralização administrativa, encerrou a assembleia legislativa e iniciou a ditadura.

Entretanto o Rei restabeleceu as relações luso-britânicas e em 1895 percorreu os principais países europeus. Evidenciou-se na pintura a óleo e a aguarela, na ornitologia, fauna marítima, o que permitiu a criação do Aquário Vasco de Gama e instituiu a Ordem de Mérito Agrícola e Industrial.

A ditadura de João Franco originou protestos devido à repressão politica e em 21 de Janeiro de 1908 um movimento revolucionário foi dominado pelo governo e no dia 1 Fevereiro de 1908 foram assassinados D. Carlos e o príncipe real D. Luís Filipe, onde também se encontrava a rainha D. Amélia, no Terreiro do Paço.

 

 D. MANUEL II, 1908-1910

       (O REI SAUDADE)

 

2º filho do Rei D. Carlos e da Rainha D. Amélia de Orleães, após o regicídio em  1908, em que morreu D. Carlos e o seu irmão mais velho D. Luís Filipe, é aclamado rei e nomeou o ministério de acalmação, presidido pelo almirante Ferreira de Amaral, excluindo o João Franco, a cuja ditadura se atribuiu o assassinato do rei, mas com a crise de monarquia, acrescida da questão Hinton e desfalque do banco Crédito Predial, permitiu a subida  do Partido Republicano e nas eleições de Agosto de 1910 os republicanos duplicam os seus representantes no Parlamento e em 5 Outubro de 1910 dá se a República e o rei com a família real, incluindo a rainha D. Amélia, (voltou de visita a Portugal em 1945) exilou-se  na Inglaterra.

 

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